a preciosidade de Kriska.
Os olhos no teto, a nudez dentro do quarto; róseo, azul ou violáceo, o quarto é inviolável; o quarto é individual, é um mundo, quarto catedral, onde, nos intervalos da angústia, se colhe, de um áspero caule, na palma de mão, a rosa branca do desespero, pois entre os objetos que o quarto consagra estão primeiro os objetos do corpo; eu estava deitado no assoalho do meu quarto, na cidade que é um avião, quando meu imão chegou pra me levar de volta; minha mão, pouco antes dinâmica e em dura disciplina, percorria vagarosa a pele molhada do meu corpo, as pontas dos meus dedos tocavam cheias de veneno a penugem inicipiente do meu peito ainda quente; minha cabeça rolava entropecida enquanto meus cabelos se deslocavam em grossas ondas sobre a curva úmida da fronte; deitei uma das faces contra o chão, mas meus olhos pouco apreenderam, sequer perderam a imobilidade ante o vôo fugaz dos cílios, o ruído das batidas na porta vinha macio, aconchegava-se despojado de sentido, o floco de paina insinuava-se entre as curvas sinuosas da orelha onde por instantes adormecia; e o ruído se repetindo, sempre macio e manso, não me perturbava a doce embriaguez, nem minha sonolência, nem o disperso e esparso trovelinho sem acolhimento; meus olhos depois viram a maçaneta que girava, mas ela em movimento se esquecia na retina como um objeto sem vida, um som sem vibração, ou um sopro escuro no porão da memória; foram pancadas num momento que puseram em sobressalto e desepero as coisas letárgicas do meu quarto; num salto leve e silencioso, me pus de pé, me curvando pra pegar a toalha estendida no chão; apertei os olhos enquanto enxugava minhas mãos, agitei em seguida a cabeça pra agitar meus olhos, apanhei a camisa jogada na cadeira, escondi na calça meu sexo roxo e obscuro, dei logo uns passos e abri uma das folhas me recuando atrás dela: era meu irmão mais velho que estava na porta; assim que ele entrou, ficamos de frente um para o outro, nossos olhos parados, era um espaço de terra seca que nos separava, tinha susto e espanto nesse pó, mas não era descoberta, nem sei o que era, e nãos nos dizíamos nada, até que ele estendeu os braços e fechou em silêncio as mãos fortes nos meus ombros e nós nos olhamos e num momento preciso nossas memórias nos assaltaram os olhos em atropelo, e eu vi de repente seus olhos se molharem, e foi então que ele ma abraçou, e eu senti nos seus braços o peso dos braços encharacados da família inteira; voltamos a nos olhar e eu disse "não te esperava" foi o que eu disse confuso com o desajeito do que dizia e cheio de receio de me deixar escapar não importava com o que eu fosse lá dizer, mesmo assim eu repeti "não te esperava" foi isso o que eu disse mais uma vez e eu senti a força poderosa da família desabando sobre mim como um aguaceiro pesado enquanto me abraçava mais uma vez; ainda confuso, aturdido, mostreu-lhe a cadeira do canto, mas ele nem se mexeu e tirando o lenço do bolso ele disse "abotoe a camisa, Miigo". Porto Alegrei-me.
6 Comments:
ótimo!!! subjetivo no começo - ou eu continuo burro? -
e no fim... tão claro...
Felipe diria:
Ô TCHÊ quem tu comeu em Brasilia?
Abraço...
mas quero que me expliquees esse escrito despues.
talvez eu deva ler de novo...
A primeira parte se refere a punheta, eu diria.
ah, olha tchê, vocês são muito burros. De coração! Não sabem ler... e eu não tou brincando,tou falando o mais sério possível. E o seguinte, não querem comentar, não comentem. Agora, se eu vir um comentário desagradável vai ser bem triste (ouviu Felipe!?).
bando de bichonas mal-comidas.
nunca mais comento em blog nenhum.
Jáder, acho que tu continua burro.
Felipe, "eu diria" é ótimo! se não sabes ler, não comenta. Se não sabes escrever, não escreve.
Se não sabes comer ninguém, não come, também, PORRA!
Uma família em porto alegre outra em brasília...
Tanto amor aqui...
Um pai lá...
Tantos irmãos te querendo aqui...
Só tu sabe o que te prende lá...
É de se embriagar...
Post a Comment
<< Home