Quando nasceu, Catarina era o bebê mais lindo do mundo. Até chorando fazia bonito. Cresceu assim, e cada vez mais bonitizava. Enchia de gentes na volta da casa para ver, nem que fosse por um instante o rosto de Catarina, que é quando ela acordava e ia fechar a janela. Costume da família dormir com janela aberta e trancá-las no dia. Dizem que de tão bonita assustava; uns dois vizinhos ou três ficaram loucos, outro se matou, outro virou mulher, outro aprendeu a voar. Mas Catarina também amava, conta-se. Um dia quando passava roupa no quarto, sentiu um cheiro estranho e saiu à rua, numa das poucas vezes em que se soube, e não voltou mais. O mito é que o cheiro vinha de um mendigo muito feio e pobre que veio de longe após saber que naquela cidade se cultivava lírios. Aí Catarina, vendo o malcheiroso perguntou “ que tu quer aqui ? “, e ele respondeu que procurava pela flor mais bela dos arredores. Catarina não gostou da cantada e disse que sentia muito, estava cansada de investidas. O mendigo se levantou e disse que falar era coisa difícil, perguntou uma última vez se ela não sabia do paradeiro da flor, ela não entendeu o charme do mendigo. Ele se irritou e disse “ abobrinha ”... Pegou uma pá e começou a cavar – a terra fofinha era boa de se descansar em cima. Deitou, dormiu e quando acordou viu a moça, a Catarina, ainda do lado dele, em vigília. Disse “que tu quer aqui, filha do cão?” ela não respondeu, ele deu uma pazada na cabeça dela e foi atrás da flor.
0 Comments:
Post a Comment
<< Home