O sexo, dizem, vem num momento especial, dizem, que tem que ser bom, dizem, que não se diz como foi, dizem, que todo mundo comenta, dizem, que toda mulher finge que goza, dizem, que todo homem tem receio do pau, dizem, que toda mulher não se importa, dizem, que só se diz. O telefone não ia tocar. Ou ia? – Não, não ia. Ou ia? – Talvez, quem sabe. Não tocou. A noite é boa, sempre soube, e lhe agrada mais que o dia, mas as noites sem amor, que para ele são todas, doem muito, e essa doía. Quando pegou as fitas, sabia, que ia ter nojo do gozo que tivesse, e uma raiva do dinheiro gastado; o dinheiro:goza-lo-ia. Não assistiu as fitas que, à revelia, o vídeo estragara – a raiva tanta que se arrumado, o vídeo, ele de raiva, estragaria. O telefone definitivamente não tocou, nem tocaria. Não lhe ligou nem Vera, nem Gabriela, nem Mara, nem Sara, nem Maria. Aliás, não sararia essa doença que é o prazer? A dor de um calor sem mulher, de uma primavera sem flor, de sem homem-mulher na invernia. E no outono o abandono do copo, do corpo de vinho, um pinho sem quentão. Aconteceu: acontecia. Quando então, ele sufocado, amargurado, bêbado de solidão, e de álcool e de folia, por-se-ia a dormir, se cedo fosse, mas era dia, e um batido na sua porta o despertara e logo mais o assustaria. Cria! Cria do cão, mas que sangria! Porque as manchas? De onde Vinhas? – ela só disse Quero uma cama, um abraço, um braço, uma toalha e uma alforria. Ele não perguntou seu nome – grosseria? – nem ela estendeu sua mão (apatia?), não se conheciam nem se cheiravam, nem um piscar de olhos e nem o flerte torpe do pobres; se deitaram e se amaram ( não-putaria ) e foi bom, uma alegria, ela não sangra mais, já tá estancado mas de onde vinha o sangue, se hão perguntado. Talvez nunca se saiba, uma ironia: de manhã cedinho ela foi-se embora, no escuro, mas de dia, e ele começou a sangrar amargo, e nem coágulo só torneira. Freira? ele viu seu crucifixo fixo na suas costas enquanto partia, viu seu hábito e viu-a pia. A partir daí, enlouquecido, sangrando, quando transava aves maria.
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