Thursday, November 08, 2007

Hospitalagem

O hospital de pessoas de boa saúde
Anuncia que não tratará de doentes -
O enfermo que tenha uma verdade ruim!
Apenas é saudável aquele que mente
O hospital dispõe-se a não recuperar ninguém
È o que diz o cartaz do hospital
Elas aspiram apenas a doençações
Os enfermos que protejam seus maus
Cuidar de doentes dá menos trabalho
O tempo diz isso, em versos tatuados
Os bons na vida são males na morte
São as plantas machucadas de orvalho
O que o livro de pacientes vai dizer:
É que são bons os internos ternos
Se os que usam ternos por que são ricos,
Saudáveis pra um céu, ruins pra um inferno
Terá escadas dormentes, a não se usar
Os sãos subirão todos dias de elevador
De escada vão-se únicos os funcionários
Doentes dum assoalho em todo lugar
Os malsãos no espaço farão papel de vírus
Donde se deve ter um lugar hoje em dia
Embora um vírus que morra na palma da mão
E não precise botar mais visões de óculos
Quem é bom será ruim, não é lei nem é norma
O ruim pra ser bom é que não tem mais como
Quem é bom será ruim, não é lei, é assim
O Hospital diz, dum lado bons d’outro os sem forma
As injeções do hospital não são descartáveis
São descartáveis umas almas e uns cabelos
Do quadro de funcionários, o quadro negro
Cabelos no estojo e os enfermos no ralo
Mas é que inventaram hospital pra doente
Diz nos anais de toda história dos bons homens
Um outro mundo a gente pode chamar de hospital
Onde os bons vivem bem e o os mal hospitalmente
Aqui não se confundem hospital e hospício
Um é para os loucos e o outro é para os sãos
Um cura e o outro piora, um bem cobra um corrobora
Um é pra lazer o outro pros loucos de ofício
Há um mundo inóspito, em que pesem as guerras
E outro fora de hora, pouco, erário e impúblico
Doutores professores de hospitais pudicos
Medicam lecionam morrem no hospital-Terra

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