Tuesday, March 06, 2007

- eu é que acho isso melhor do que todos acham. Eu lavo roupa o senhor sabe?, mas lavo para fora e é um engraçamento dizer isso, não é? Meus filhos que sabem da roupa que eu lavo porque vêem brilhadamente melando, com o suor que dá o deus do sol, nos corpos da gente que é da cidade e é rica. Não tem roupa não veste e vive como veio ao mundo, e esse negócio de dizer que não se vive, se vivencia é muita mentira grande. Trabalho sim, e muito , e bem. Tenho marido bom, bonito de encher os olhos de gosto de fruta, com uma coisa que me deixa muito feliz nas pernas contrária a cabeça que não me tem chifres. Eu sou mulher bonita de morrer, que sei. Homens que passam, não me olham é que muito medamente vivem; teve uma vez, quando não sei, em que apareceu aqui um homem de fora. Lembro nada dele a não ser que dizia Não posso olhar porque não podem resistir – bonito não era, mas era sábio. Verdade maior só quando a gente deita junto e eu não deitei, não tive medo, a vontade apenas eu tive, agora essa vontade que não é amor, é sadia, o senhor vai me perguntar, eu sei, e eu vou dizer, Vontade eu tenho de rasgar a roupa das gentes ricas, embora não agüente inveja no peito nem sustente, mas é que é feio e grosso ser rico. Eu digo sem te piscar olhando nos olhos e num tapa Sefossericanãousariaroupas. Rico pode tudo e já que não se pode correr pelado sendo pobre eu corro enroupado sendo mulher. Eu sou rica, e sou pobre, sou rica de pobreza, e pobre de riqueza, entende o senhor? Meus filhos são pobres e feios, mas são tão prontos que andariam pelados, vestidos, voando pobres ou ricos. Pobre pode enriquecer e voltar à pobreza e morrer. Rico morre ou enriquece mais; que é que estou falando, por dinheiro que troque uma rede eu me deito com o senhor, podendo até ser na rede que venha comprada. Agora não acostume eu tenho marido e filhos sou mulher de respeito e deitável.